“As emoções e comportamentos podem variar de acordo com a maneira como cada pessoa interpreta uma situação”. Esta máxima da psicologia cognitiva comportamental vale para todos os contextos e públicos, inclusive com as crianças e adolescentes. Nesse momento atípico de pandemia de coronavírus, a rotina das famílias e suas percepções sobre si, os outros e o mundo foram impactadas em diversos graus.
Isolamento social, inúmeras notícias na TV, fake news na internet, aulas suspensas. Estabeleceu-se uma situação totalmente nova para uma geração acostumada à liberdade. A Terapia Cognitiva Comportamental traz diversas contribuições a serem aplicadas nesse contexto, principalmente com crianças e adolescentes, que tendem a ter mais dificuldade em lidar com esse momento. Ter ferramentas para ajudar os pequenos a flexibilizar os pensamentos disfuncionais é contribuir para a redução do prejuízo emocional.
O excesso de preocupação
É comum que crianças e adolescentes estejam lidando com esta situação de maneira disfuncional. Ora seja pelo excesso de preocupação, ora pelo desdém ou desentendimento da gravidade da questão.
Em todos os casos, é importante conversar com esse jovem sobre os seus medos e preocupações. Com isso, tenta-se identificar e flexibilizar os pensamentos disfuncionais (aqueles que não são baseados em fatos ou evidências; podem ser pensamentos exagerados ou catastróficos, por exemplo). Para ajudar a melhorar a emoção a respeito dessas ideias, os responsáveis ou os terapeutas podem seguir alguns passos.
O primeiro é anotar o pensamento disfuncional da criança ou adolescente. Em seguida, levantar evidências (precisam ser fatos concretos, como notícias de fontes confiáveis e situações reais). Após o levantamento das evidências e uma breve conversa com a criança ou adolescente, é preciso anotar as conclusões que chegaram. Veja um exemplo prático:
– Pensamento disfuncional: Meus pais vão morrer de coronavírus.
– Evidências que confirmam o pensamento: Estamos em uma pandemia.
– Evidências que não confirmam o pensamento: Ninguém está totalmente seguro. Estamos em isolamento. Estamos tomando todas as medidas de prevenção (lavar as mãos, usar álcool em gel, máscaras e etc). Meus pais não fazem parte do grupo de risco. A maioria das pessoas contaminadas não morre. Estão pesquisando medicamentos eficazes.
– Conclusão: Apesar de ninguém estar totalmente seguro, estamos fazendo tudo o que podemos para nos proteger e a minoria das pessoas contaminadas morrem. Então, as chances do papai e da mamãe morrerem de coranavírus são muito baixas.
Empatia
Outro elemento que ajuda na condução da rotina familiar nesse momento de pandemia é a empatia. Ao se colocar no lugar dos pequenos, a pessoa consegue identificar qual a necessidade da criança ou adolescente em um momento de tensão ou estresse.
Além disso, esse exercício dá suporte para que solicitações mais realistas sejam feitas a esse jovem e que o responsável não aja de forma intransigente. A cobrança por hábitos regulares, por exemplo, pode ser estipulada em conjunto, e que a rotina inclua horários e tarefas que estejam de acordo com o jovem.
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