A mudança de um comportamento disfuncional, ou seja, prejudicial ou não adaptativo, não acontece do dia para a noite. Ela é um processo. Isso precisa estar claro tanto para quem busca essa mudança (paciente), quanto para quem irá conduzi-la (terapeuta).
Mas, como a mudança de comportamento se desenvolve? Os psicólogos e teóricos James Prochaska e Carlo DiClemente dividiram de forma didática o processo de mudança em cinco fases principais. Este modelo é seguido por diversas abordagens da psicologia, em especial, pelas terapias comportamentais, como a TCC de Aaron Beck.
Apesar de poder ser aplicado em diversos contextos, essas etapas se mostram ainda mais importantes no acompanhamento e definição de estratégias para o tratamento de dependência química. Saiba mais sobre cada uma dessas fases:
Baixe aqui nosso infográfico e compartilhe com seus pacientes
1) Pré-contemplação
Fase de inconsciência e negação do problema. Neste momento, o indivíduo acredita que não há nada de negativo em seu comportamento, pois ainda não existe consciência a respeito do assunto. Ele não pensa, nem reflete sobre ele. Outras pessoas (amigos e familiares) notam o problema. Mas, para ele, está tudo normal.
2) Contemplação
O indivíduo tem os primeiros insights de consciência sobre seu comportamento ser disfuncional. Esta ideia, que antes era totalmente absurda, passa a ser considerada. Alguns pensamentos sobre como seu comportamento pode ser melhorado passam a ser trabalhados.
3) Decisão
Após considerar que seu comportamento pode ser alterado, o indivíduo decide fazê-lo. É nesta fase em que a motivação e empenho para a mudança surgem. Neste momento, ele busca informações e ferramentas para isso. Apesar dos primeiros passos, ainda não se sente seguro e capaz de agir efetivamente para manter a mudança.
4) Manutenção
Neste momento, o novo comportamento está sendo consolidado. O indivíduo já entende que o novo é melhor que o antigo. Porém, alguns acontecimentos podem colocá-los diante de algumas fragilidades.
5) Término
O indivíduo não apresenta quadros de recaídas e não se sente mais “tentado” a emitir um comportamento disfuncional. Neste momento, é relatada a reestruturação cognitiva e de crenças centrais superadas.
Ambivalência
Com exceção da fase de “pré-contemplação”, quando os pensamentos ainda são engessados, nas demais quatro fases a ambivalência das ideias está presente. Em todos os processos de mudança, é normal que pensamentos e sentimentos conflitantes surjam a respeito de determinado comportamento. Sentir ambivalência é inevitável. Não é sinal de fraqueza, nem de fracasso. É apenas a forma como nossa memória afetiva funciona. Por outro lado, o psicoterapeuta precisar estar atento quanto a essa dinâmica e ser uma figura estratégica no apontamento de pensamentos distorcidos.
Processo não linear
Também é importante destacar que essas fases não seguem uma lógica linear, ou seja, não acontecem uma após a outra. Elas funcionam como um norte para mostrar como um processo de mudança acontece, em qual fase do processo terapêutico se está e quais ações o terapeuta deve tomar a fim de se chegar à fase final, que é o término da terapia.
0 comentário